Uma das coisas que te apercebes quando observas a natureza do eu é que
aquilo que fazes e o que te acontece são a mesma coisa. Ao te aperceberes que
não existes separadamente de tudo o mais, percebes o que é a responsabilidade:
és responsável por tudo o que experimentas. Não podes voltar a dizer, “Ele
enfureceu-me” Como é que ele pôde enfurecer-te? Só tu podes enfurecer-te.
Compreender isto faz mudar o modo de te relacionares com o mundo e de lidares
com a tensão. Então apercebes-te que a tensão, que em geral tem a ver com
separação, é criada pelo processamento mental das tuas experiências. Sempre que
surge uma ameaça, um contratempo, um entrave, a nossa reacção imediata é
rejeitar, é prepararmo-nos mentalmente ou fisicamente para lutar ou fugir. Se
te tornas no bloqueio – no medo, na dor, na cólera – e o vives plenamente, sem
julgares ou sem fugires, deixando-o ir, deixa então de haver bloqueio. Na
realidade não há maneira de saíres dele; não podes fugir. Não há nenhum lugar
para onde fugires, não há nada donde fugires: és tu.
John Daido Loori