quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

domingo, 4 de dezembro de 2011

Desigualdades sociais em Portugal são as mais elevadas da Europa e devem-se à educação


As desigualdades sociais em Portugal são as mais elevadas da Europa e devem-se, sobretudo, ao fosso entre salários determinados pelo nível de educação, disse hoje o investigador do Instituto Superior de Economia e Gestão, Carlos Farinha Rodrigues.
"As desigualdades, quando se agravam resultam mais de um aumento dos salários mais elevados do que de uma contenção dos salários mais baixos", afirmou em declarações à Lusa.
A questão das desigualdades na distribuição dos rendimentos em Portugal é o tema de uma interpelação ao Governo que o Bloco de Esquerda fará hoje na Assembleia da República e que conta com a presença do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
O Bloco de Esquerda (BE) acusa o primeiro-ministro, José Sócrates, de ter aumentado a injustiça em três anos de governação e promete confrontar o Governo com esse "défice social" na interpelação ao Governo.
Para o investigador do ISEG, "um dos principais motores de desigualdade em Portugal continua a ser a desigualdade salarial", acrescentou.
Segundo Carlos Farinha Rodrigues, que tem estudos publicados sobre a distribuição do rendimento, desigualdade e pobreza em Portugal, o principal factor de desigualdade salarial continua a ser a educação.
"Há uma forte discriminação a nível salarial devido ao nível educacional", afirmou.
Carlos Farinha Rodrigues afirma que a solução passa "pela complementaridade de várias medidas", mas defende que Portugal só conseguirá "reduzir a desigualdade e a pobreza, apostando fortemente na educação".
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), de Janeiro deste ano, com base no Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2006, existe uma acentuada desigualdade na distribuição dos rendimentos em Portugal.
Os dados referem que o rendimento dos 20 por cento da população com maior rendimento é 6,8 vezes o rendimento dos 20 por cento da população com menor rendimento, tendo descido dos 6,9 nos dois anos anteriores (Rácio S80/S20).
O coeficiente de Gini, indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que varia entre zero - quando todos os indivíduos têm igual rendimento - e 100 - quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo - tem-se mantido também inalterado em Portugal nos 38 pontos desde 2004.
Face à Europa, e segundo os dados referentes a 2005, Portugal registava um rácio S80/S20 de 8,2 e a média da União Europeia a 25 Estados-membros era de 4,9.
Quanto ao coeficiente de Gini, Portugal situava-se em 2005 nos 38 pontos face aos 31 pontos da média europeia, sendo ainda o valor mais elevado da Europa.
Para o Bloco de Esquerda (BE), as injustiças cresceram, "o país piorou" e "nunca houve tanta injustiça social" como desde que José Sócrates ganhou as eleições legislativas, há três anos, a 20 de Fevereiro de 2005.
Além do aumento do desemprego, "o país piorou porque os mais ricos têm hoje uma arrogância como nunca tiveram", dando Louçã o exemplo das indemnizações recebidas por cinco ex-administradores do BCP - 80 milhões de euros.
Nas contas do deputado e economista, "esta pequena indemnização são dez mil anos de salários de um português".


http://tv1.rtp.pt/noticias/?article=92248&visual=3&layout=10

“Desigualdades sociais 2010, Estudos e Indicadores”


Livro “Desigualdades sociais 2010, Estudos e Indicadores” lançado hoje
Portugal é dos países europeus com mais desigualdade social
Jornal Público 02.12.2010 - 20:49 Por Jeniffer Lopes

 “As disparidades são muito pronunciadas em Portugal, o que faz do país o mais assimétrico da União Europeia”, afirmou, esta tarde, Jorge Sampaio, ex-presidente da República, na apresentação do livro “Desigualdades sociais 2010, Estudos e Indicadores”, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa.

Dados de 2007, reunidos no livro, inserem Portugal na lista dos países da União Europeia (UE) em que existem maiores desigualdades sociais. Baixos rendimentos e falta de escolarização e qualificação dos portugueses contribuem para o agravamento da pobreza.

“Em 2009, o desemprego aumentou muito”, afirmou Jorge Sampaio, alertando que, dado o contexto actual, a tendência é para um agravamento do problema. De acordo com dados do livro “Desigualdades sociais 2010, Estudos e Indicadores”, que o ex-presidente da República destacou, Portugal é dos países da UE onde a distribuição de rendimento é mais desigual. Jorge Sampaio sublinhou existirem em Portugal “500 milhares de trabalhadores pobres”.

Em termos de qualificação, os dados também não são animadores. Segundo Jorge Sampaio, Portugal tem um “capital humano bastante desqualificado” e uma taxa elevada de abandono escolar. “A relação entre desemprego e escolaridade não é linear”, referiu o ex-presidente da República. Assim, mesmo para quem tem qualificações, o emprego que existe é pouco.

“Não basta fixar metas” para acabar com a pobreza, defende Jorge Sampaio. “Não fugimos a um plano de austeridade, mas é preciso um plano de longo prazo para reduzir as desigualdades”, defendeu. Apostar na qualificação dos portugueses e elevar os níveis educativos é essencial. O que está em causa não são questões de ordem financeira, mas alterações na organização e regras de funcionamento, acredita Jorge Sampaio. “Não há desculpas” para a inexistência de reformas.

Diogo Freitas do Amaral, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e professor de Direito, alertou para o problema das habitações sociais. “Existem, em Portugal, 200 a 250 mil pessoas que vivem em barracas, nas condições mais indignas de qualquer ser humano”, afirmou, acrescentando que o combate à pobreza passa por um debate sobre habitações sociais.

Freitas do Amaral sublinhou a necessidade de compreender como têm outros países conseguido lidar com a questão das desigualdades e seguir exemplo.

O livro “Desigualdades sociais 2010, Estudos e Indicadores” foi coordenado por Renato Miguel do Carmo, do Observatório das Desigualdades do ISCTE.

Desigualdade social, pobreza e exclusão

Portugal, cujo rendimento per capita corresponde actualmente a pouco mais de 70 por cento da média comunitária(1)UE 25), é um dos países europeus que apresenta maior desigualdade na distribuição de rendimento e taxas mais elevadas de risco de pobreza monetária. Também os índices disponíveis de pobreza segundo as condições de vida (indicadores de privação material) colocam Portugal numa posição muito desfavorável em relação a outros países da UE 15(2).

Desigualdade de distribuição do rendimento (S80/S20) e
Índice de rendimento por habitante (100=UE 25) – 2003, Fonte: Eurostat



(1) 72.9 por cento em 2003, 72.4 por cento em 2004 (estimativa Eurostat) e 71.2 por cento em 2005 (idem)
(2) “Material Deprivation in the EU”, Population and social conditions, Statistics in focus – 21/2005, Eurostat


Desigualdade social em Portugal


Desigualdade social em Portugal: “ricos são muito ricos, pobres são muito pobres”
De acordo com um relatório apresentado em Bruxelas, Portugal é um dos países da União Europeia com maior desigualdade na distribuição de rendimentos.
Segundo o Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia, os rendimentos são repartidos mais uniformemente nos Estados-membros que nos EUA, com excepção feita a Portugal, “Apenas Portugal apresenta um coeficiente superior ao dos Estados Unidos", sublinha o documento. Até países resultantes do alargamento, como Polónia, Letónia e Lituânia se encontram ao nível dos EUA.
No nosso país, a parcela auferida pela faixa dos 20 por cento da população com rendimentos mais elevados é mais de 7 vezes superior à auferida pelos 20 por cento da população com rendimentos mais baixos. Portugal é o país em que o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres é mais largo, sendo que, quase um milhão de pessoas vivem com menos de dez euros por dia, falando-se de 9% da população nacional quando nos restantes países da União a média é de apenas 5%.
O mesmo relatório denuncia ainda, que as discrepâncias verificadas se dilataram em Portugal entre 2000 e 2004, mostrando uma realidade social fortemente desigual. O desemprego é apontado como uma das causas do problema, já que Portugal é um dos cinco países em que se verifica que o risco de o desemprego levar a uma situação de pobreza é superior a 50%. Os baixos salários são outra das causas da pobreza no nosso país. A generalidade dos estudos aponta para taxas de risco de pobreza particularmente elevadas nos seguintes grupos: idosos; famílias monoparentais; profissões pouco qualificadas, maioritariamente no sector agrícola; deficientes e idosos portadores de doenças crónicas.
O Rendimento Social de Inserção (RSI) abrange agora mais famílias, depois de um crescimento de 15,3% no número de beneficiários entre Janeiro e Setembro do corrente ano, em comparação com o ano passado, passando para um total de 379 849 beneficiários. Actualmente, cada família abrangida por este apoio social recebe 242,25 euros mensais. No final do mês de Setembro, a prestação social de combate à pobreza abrangia 148 377 famílias, mais 22 856 do que há um ano atrás, indica o site da Segurança Social.
A União Europeia mostra ainda Portugal como um país de poucas oportunidades, revelando fraca mobilidade social. Quer isto dizer que, em Portugal, quando se nasce no seio de uma família de uma determinada classe social, dificilmente se sai dela. A baixa formação profissional é um dos factores que mais influencia esta realidade. Se imaginarmos uma criança, filha de um casal com empregos pouco qualificados, ela tem apenas 50% de probabilidade de aceder a uma categoria de emprego mais qualificado. Tal como referido anteriormente o núcleo familiar no qual se insere o indivíduo condiciona fortemente quer a sua qualificação profissional quer a literária levando à manutenção da mesma classe social dos progenitores, na medida em que delimita a ascensão social.

publicado por Ricardo Vieira em http://criticanarede.blogs.sapo.pt/74834.html