As desigualdades sociais em Portugal são as
mais elevadas da Europa e devem-se, sobretudo, ao fosso entre salários
determinados pelo nível de educação, disse hoje o investigador do Instituto
Superior de Economia e Gestão, Carlos Farinha Rodrigues.
"As
desigualdades, quando se agravam resultam mais de um aumento dos salários mais
elevados do que de uma contenção dos salários mais baixos", afirmou em
declarações à Lusa.
A questão das
desigualdades na distribuição dos rendimentos em Portugal é o tema de uma
interpelação ao Governo que o Bloco de Esquerda fará hoje na Assembleia da
República e que conta com a presença do ministro das Finanças, Teixeira dos
Santos.
O Bloco de Esquerda
(BE) acusa o primeiro-ministro, José Sócrates, de ter aumentado a injustiça em
três anos de governação e promete confrontar o Governo com esse "défice
social" na interpelação ao Governo.
Para o investigador
do ISEG, "um dos principais motores de desigualdade em Portugal continua a
ser a desigualdade salarial", acrescentou.
Segundo Carlos
Farinha Rodrigues, que tem estudos publicados sobre a distribuição do
rendimento, desigualdade e pobreza em Portugal, o principal factor de
desigualdade salarial continua a ser a educação.
"Há uma forte
discriminação a nível salarial devido ao nível educacional", afirmou.
Carlos Farinha
Rodrigues afirma que a solução passa "pela complementaridade de várias
medidas", mas defende que Portugal só conseguirá "reduzir a
desigualdade e a pobreza, apostando fortemente na educação".
De acordo com os
dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), de Janeiro deste ano, com
base no Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2006, existe
uma acentuada desigualdade na distribuição dos rendimentos em Portugal.
Os dados referem que
o rendimento dos 20 por cento da população com maior rendimento é 6,8 vezes o
rendimento dos 20 por cento da população com menor rendimento, tendo descido
dos 6,9 nos dois anos anteriores (Rácio S80/S20).
O coeficiente de
Gini, indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que varia entre
zero - quando todos os indivíduos têm igual rendimento - e 100 - quando todo o
rendimento se concentra num único indivíduo - tem-se mantido também inalterado
em Portugal nos 38 pontos desde 2004.
Face à Europa, e
segundo os dados referentes a 2005, Portugal registava um rácio S80/S20 de 8,2
e a média da União Europeia a 25 Estados-membros era de 4,9.
Quanto ao
coeficiente de Gini, Portugal situava-se em 2005 nos 38 pontos face aos 31
pontos da média europeia, sendo ainda o valor mais elevado da Europa.
Para o Bloco de
Esquerda (BE), as injustiças cresceram, "o país piorou" e "nunca
houve tanta injustiça social" como desde que José Sócrates ganhou as
eleições legislativas, há três anos, a 20 de Fevereiro de 2005.
Além do aumento do
desemprego, "o país piorou porque os mais ricos têm hoje uma arrogância
como nunca tiveram", dando Louçã o exemplo das indemnizações recebidas por
cinco ex-administradores do BCP - 80 milhões de euros.
Nas
contas do deputado e economista, "esta pequena indemnização são dez mil
anos de salários de um português".
http://tv1.rtp.pt/noticias/?article=92248&visual=3&layout=10
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