domingo, 4 de dezembro de 2011

Desigualdades sociais em Portugal são as mais elevadas da Europa e devem-se à educação


As desigualdades sociais em Portugal são as mais elevadas da Europa e devem-se, sobretudo, ao fosso entre salários determinados pelo nível de educação, disse hoje o investigador do Instituto Superior de Economia e Gestão, Carlos Farinha Rodrigues.
"As desigualdades, quando se agravam resultam mais de um aumento dos salários mais elevados do que de uma contenção dos salários mais baixos", afirmou em declarações à Lusa.
A questão das desigualdades na distribuição dos rendimentos em Portugal é o tema de uma interpelação ao Governo que o Bloco de Esquerda fará hoje na Assembleia da República e que conta com a presença do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
O Bloco de Esquerda (BE) acusa o primeiro-ministro, José Sócrates, de ter aumentado a injustiça em três anos de governação e promete confrontar o Governo com esse "défice social" na interpelação ao Governo.
Para o investigador do ISEG, "um dos principais motores de desigualdade em Portugal continua a ser a desigualdade salarial", acrescentou.
Segundo Carlos Farinha Rodrigues, que tem estudos publicados sobre a distribuição do rendimento, desigualdade e pobreza em Portugal, o principal factor de desigualdade salarial continua a ser a educação.
"Há uma forte discriminação a nível salarial devido ao nível educacional", afirmou.
Carlos Farinha Rodrigues afirma que a solução passa "pela complementaridade de várias medidas", mas defende que Portugal só conseguirá "reduzir a desigualdade e a pobreza, apostando fortemente na educação".
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), de Janeiro deste ano, com base no Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2006, existe uma acentuada desigualdade na distribuição dos rendimentos em Portugal.
Os dados referem que o rendimento dos 20 por cento da população com maior rendimento é 6,8 vezes o rendimento dos 20 por cento da população com menor rendimento, tendo descido dos 6,9 nos dois anos anteriores (Rácio S80/S20).
O coeficiente de Gini, indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que varia entre zero - quando todos os indivíduos têm igual rendimento - e 100 - quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo - tem-se mantido também inalterado em Portugal nos 38 pontos desde 2004.
Face à Europa, e segundo os dados referentes a 2005, Portugal registava um rácio S80/S20 de 8,2 e a média da União Europeia a 25 Estados-membros era de 4,9.
Quanto ao coeficiente de Gini, Portugal situava-se em 2005 nos 38 pontos face aos 31 pontos da média europeia, sendo ainda o valor mais elevado da Europa.
Para o Bloco de Esquerda (BE), as injustiças cresceram, "o país piorou" e "nunca houve tanta injustiça social" como desde que José Sócrates ganhou as eleições legislativas, há três anos, a 20 de Fevereiro de 2005.
Além do aumento do desemprego, "o país piorou porque os mais ricos têm hoje uma arrogância como nunca tiveram", dando Louçã o exemplo das indemnizações recebidas por cinco ex-administradores do BCP - 80 milhões de euros.
Nas contas do deputado e economista, "esta pequena indemnização são dez mil anos de salários de um português".


http://tv1.rtp.pt/noticias/?article=92248&visual=3&layout=10

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