Desigualdade social em Portugal: “ricos são
muito ricos, pobres são muito pobres”
De acordo com um relatório apresentado em
Bruxelas, Portugal é um dos países da União Europeia com maior desigualdade na
distribuição de rendimentos.
Segundo o Relatório Sobre a Situação Social na
União Europeia, os rendimentos são repartidos mais uniformemente nos
Estados-membros que nos EUA, com excepção feita a Portugal, “Apenas Portugal
apresenta um coeficiente superior ao dos Estados Unidos", sublinha o
documento. Até países resultantes do alargamento, como Polónia, Letónia e
Lituânia se encontram ao nível dos EUA.
No nosso país, a parcela auferida pela faixa
dos 20 por cento da população com rendimentos mais elevados é mais de 7 vezes
superior à auferida pelos 20 por cento da população com rendimentos mais
baixos. Portugal é o país em que o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais
pobres é mais largo, sendo que, quase um milhão de pessoas vivem com menos de
dez euros por dia, falando-se de 9% da população nacional quando nos restantes
países da União a média é de apenas 5%.
O mesmo relatório denuncia ainda, que as
discrepâncias verificadas se dilataram em Portugal entre 2000 e 2004, mostrando
uma realidade social fortemente desigual. O desemprego é apontado como uma das
causas do problema, já que Portugal é um dos cinco países em que se verifica
que o risco de o desemprego levar a uma situação de pobreza é superior a 50%.
Os baixos salários são outra das causas da pobreza no nosso país. A generalidade
dos estudos aponta para taxas de risco de pobreza particularmente elevadas nos
seguintes grupos: idosos; famílias monoparentais; profissões pouco
qualificadas, maioritariamente no sector agrícola; deficientes e idosos
portadores de doenças crónicas.
O Rendimento Social de Inserção (RSI) abrange
agora mais famílias, depois de um crescimento de 15,3% no número de
beneficiários entre Janeiro e Setembro do corrente ano, em comparação com o ano
passado, passando para um total de 379 849 beneficiários. Actualmente, cada
família abrangida por este apoio social recebe 242,25 euros mensais. No final
do mês de Setembro, a prestação social de combate à pobreza abrangia 148 377
famílias, mais 22 856 do que há um ano atrás, indica o site da Segurança
Social.
A União Europeia mostra ainda Portugal como um
país de poucas oportunidades, revelando fraca mobilidade social. Quer isto
dizer que, em Portugal, quando se nasce no seio de uma família de uma
determinada classe social, dificilmente se sai dela. A baixa formação profissional
é um dos factores que mais influencia esta realidade. Se imaginarmos uma
criança, filha de um casal com empregos pouco qualificados, ela tem apenas 50%
de probabilidade de aceder a uma categoria de emprego mais qualificado. Tal
como referido anteriormente o núcleo familiar no qual se insere o indivíduo
condiciona fortemente quer a sua qualificação profissional quer a literária
levando à manutenção da mesma classe social dos progenitores, na medida em que
delimita a ascensão social.
publicado por Ricardo Vieira em http://criticanarede.blogs.sapo.pt/74834.html
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